Tratamento do câncer de mama

O câncer é uma das doenças mais estudadas do mundo e, ao longo das últimas décadas, foram alcançados avanços incríveis em seu entendimento, que resultaram em terapias cada vez mais específicas, com ganhos expressivos para as pacientes.

Veja abaixo os tipos de tratamento.

Tratamento Localizado

No câncer de mama inicial, o objetivo do tratamento é a cura. Para isso, é comum se combinar diferentes recursos de tratamento para eliminar a doença localmente e fazer com que ela não volte. Ao mesmo tempo, busca-se preservar ao máximo a estética do corpo feminino.

Cirurgia e radioterapia são os principais recursos nesta etapa do tratamento.

Cirurgia

A cirurgia é a mais antiga e eficiente técnica de tratamento do câncer de mama e busca remover o tumor, juntamente com os tecidos próximos, que podem estar comprometidos pela doença, o que chamamos de margem de segurança.

Além disso,  os gânglios linfáticos axilares também são removidos, sempre que parecerem estar comprometidos pela doença, isto é, aumentados à palpação.

Quanto mais precoce a intervenção, maiores as chances de cura.

As técnicas cirúrgica evoluíram muito ao longo do século XX, combinando cada vez mais a capacidade de curar as pacientes e preservar suas mamas.

A análise dos linfonodos é um capítulo importante nesta evolução. A identificação de um linfonodo comprometido indica uma doença mais avançada, o que geralmente implica na necessidade de tratamentos adicionais.

Em pacientes que não apresentam linfonodos axilares aumentados à palpação, busca-se esta informação de outra forma, para evitar a cirurgia da axila. Nestes casos, estuda-se o “linfonodo sentinela”. Isto é, o primeiro linfonodo que faz a drenagem da mama. Para marcar este gânglio, aplica-se sob o mamilo, previamente à cirurgia, uma substância capaz de localizar o linfonodo, que deverá ser removido no ato operatório. O gânglio será estudado pelo patologista, juntamente com o tecido retirado da mama. Corantes ou isótopos radioativos são utilizados com este fim.

Radioterapia

A radioterapia é a modalidade de tratamento que utiliza energia proveniente de raios ionizantes ou partículas para destruir células malignas.

Os tipos de radiação mais comumente utilizados são Raios X e Raios Gama.

Seus efeitos são predominantemente locais. Isto é, a eficácia é grande na destruição de células diretamente atingidas pelos feixes.

No caso do câncer de mama, a radioterapia permite a realização de cirurgias que preservam a mama. Desta forma, complementam o tratamento cirúrgico, reduzindo as chances de recorrência local após cirurgias conservadora da mama.

Além disso, a radioterapia pode ser empregada no controle de metástases.

A estratégia de tratamento é idealmente definida em conjunto por oncologista e mastologista, a partir dos resultados da biópsia, dos testes moleculares, achados do exame clínico e dos exames de estadiamento, que confirmam não haver focos de doença em outros órgãos (metástases).

Tratamento Sistêmico

Chamamos de sistêmicos os tratamentos que alcançam as células malignas em qualquer lugar do corpo, independentemente de seu local de origem. No caso do câncer de mama, existem diferentes modalidades de tratamento sistêmico, cuja eficácia difere enormemente de acordo com o subtipo que a paciente apresenta.

As principais modalidades de tratamento sistêmico do câncer de mama são: terapia hormonal, quimioterapia, terapia anti-HER2, inibidores de ciclinas e imunoterapia.

Terapia hormonal

Tipo de tratamento eficiente apenas nos casos em que as células do tumor apresentam receptores hormonais em seu interior (luminais). Incluem medicamentos capazes de inibir a produção de hormônios ou de impedir suas ações em nas células tumorais que possuem receptores para eles.

Quimioterapia

Medicamentos que atuam preferencialmente sobre células que estão se multiplicando, causando sua morte. Várias classes de medicamentos se mostram eficazes no tratamento do câncer de mama: os taxanos (docetaxel e paclitaxel), as antraciclinas (doxorrubicina e epirrubicina), as fluoropirimidinas (fluorouracil e capecitabina) e os agentes alquilantes (ciclofosfamida, cisplatina e carboplatina).

É comum combinar medicamentos com objetivo de maximizar seus efeitos terapêuticos sem aumentar excessivamente a toxicidade do tratamento. Chamamos a isso protocolo de tratamento, nos quais os medicamentos são aplicados em datas e doses pré-definidas.

Terapia Anti-HER2

São medicamentos ativos apenas nos casos que apresentam hiperexpressão dos receptores HER2+ na superfície das células do tumor. A grande especificidade de ação faz com que seja chamada de terapia-alvo.

Em sua maioria, são anticorpos direcionadas para estas os receptores HER2: trastuzumabe, pertuzumabe e TDM1, sendo que esta última combina uma quimioterapia ao anticorpo, na mesma molécula. Além deles, o lapatinibe age no interior da célula, atuando em vias específicas relacionadas ao estímulo do HER2.

Inibidores de Ciclinas

Nova geração de medicamentos de uso oral, aumentam a eficiência do tratamento combinado com hormonioterapia na doença avançada.

Imunoterapia

Mais recentemente incorporada ao tratamento do câncer de mama avançado (tumores inoperáveis ou doença metastática), a imunoterapia, em combinação com a quimioterapia, vem se mostrando útil nos casos de tumores do subgrupo triplo-negativo em que se observa uma maior presença de PDL1 no tumor.  O primeiro dos inibidores de checkpoint que recebeu aprovação para uso nesta situação foi o atezolizumabe.

Estratégias de Tratamento da Doença Localizada

No caso de uma doença localizada, o objetivo do tratamento é curar a paciente, eliminando o tumor e evitando que ele volte, a chamada recorrência.

Para isso, existem dois caminhos possíveis: aplicar um tratamento sistêmico antes da cirurgia (neoadjuvante) ou realizar a cirurgia e definir o tratamento sistêmico adicional (adjuvante) de acordo com os achados da cirurgia.

Tratamento Neoadjuvante

Administrado previamente à cirurgia para reduzir o tamanho do tumor. Além de poder trazer  um melhor resultado cirúrgico e permitir cirurgias mais conservadoras em casos em que o tumor é volumoso, é uma forma eficaz de testar a sensibilidade do câncer aos medicamentos e reconhecer quais pacientes se beneficiariam de tratamentos adicionais, após a cirurgia.

Tratamento Adjuvante

Administrado após a cirurgia, buscando-se com eliminar eventuais células malignas residuais (micrometástases).

A escolha do tratamento se faz de acordo com o subtipo de tumor, seu tamanho e a presença ou não de linfonodos acometidos pela doença.

Tratamento de Doença Metastática

Quando a doença não se limita à própria mama e aos linfonodos regionais e pode ser reconhecida em outras partes do corpo, a doença é chamada de metastática.

Nesta situação o objetivo do tratamento é controlar a doença, permitindo que a paciente viva mais tempo e com menos sintomas.

Aqui também deve-se escolher o tratamento de acordo com o subtipo do câncer de mama. Os tratamentos considerados mais eficazes e bem tolerados são aplicados, podendo ser substituídos na medida em que deixam de funcionar ou causam efeitos indesejáveis e mal tolerados.

Outros cuidados no tratamento do câncer de mama

Para muitas pacientes com câncer de mama, a manutenção do peso passa a ser um desafio adicional ao longo do tratamento. Uma série de fatores – impacto emocional do diagnóstico, inatividade física e medicamentos – se somam para fazer com que as pacientes ganhem peso.

Muito mais do que uma preocupação estética, combater o ganho de peso tem se mostrado importante para reduzir o risco de recidiva da doença, que pode ser favorecida pelas alterações metabólicas da obesidade.

Vários estudos mostram os benefícios da atividade física na redução do risco de desenvolver o câncer de mama e também sua importância em reduzir o risco de recidiva. Além disso, as atividades físicas têm se mostrado muito benéficas durante o tratamento.

Preservar a massa óssea é um cuidado importante no tratamento do câncer de mama em qualquer idade. Contribuem para a perda óssea a inatividade física, a falta de exposição à luz do Sol e, principalmente, certas terapias antiestrogênicas utilizadas no tratamento dos tumores luminais. Isso é feito por meio de medicamentos específicos, de grande eficácia na recuperação e manutenção dos ossos.

fisioterapia tem um importante papel na reabilitação da mulher após a cirurgia do câncer de mama. O objetivo do trabalho destes especialistas é preservar a força e mobilidade do braço, garantir a amplitude de movimento do ombro e reduzir o edema no braço, efeito adverso frequente após a remoção cirúrgica dos linfonodos axilares e a radioterapia.

Deve-se assegurar que a mulher não engravide durante todo o tratamento do câncer de mama, adotando para isso métodos contraceptivos de barreira. O uso de contraceptivos hormonais está contraindicado para mulheres diagnosticadas com câncer de mama.

Um dos possíveis efeitos adversos da quimioterapia é a perda da capacidade de ovular, por vezes irreversível. Entretanto, os avanços tecnológicos na área de indução de ovulação e congelamento de óvulo vem permitindo que muitas mulheres jovens mantenham a perspectiva de conceber seus próprios filhos após o término de seu tratamento. Mulheres que queiram engravidar devem manifestar seu desejo e discutir essa possibilidade com seus médicos, antes de iniciar o tratamento.

Veja também:

Menu